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INTRODUÇÃO

 

A beterraba (Beta vulgaris) é uma planta bianual pertencente à família Quenopodiacea. Em vários países da Europa, da América do Norte e da Ásia, o cultivo da beterraba é altamente econômico e o nível de tecnificação da cultura é bastante avançado, principalmente, o das variedades forrageiras e açucareiras.

 

No Brasil, o cultivo de beterraba é exclusivamente das variedades de mesa, mesmo assim. Vem-se observando, nos últimos dez anos, crescente aumento da demanda dessa hortaliça, para consumo "in natura" e também para as indústrias de conservas e alimentos infantis.

 

DOENÇA: Cercosporiose

AGENTE CAUSALCercospora beticola

 

 A mancha-de-Cercospora está amplamente distribuída no mundo, com incidência em todas as regiões dedicadas à cultura da beterraba-açucareira e beterreba-de-mesa. No Brasil, existem registros nos estados do Amapá, Amazonas, Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, no arquipélago de Fernando de Noronha e em várias regiões do Nordeste do país. Cercospora beticola é um patógeno quase exclusivo de espécies da família Chenopodiaceae, embora existam registros em alguns hospedeiros de outras famílias, como Malvaceae, Pedaliaceae e Polygonaceae.

Danos: Os sintomas característicos da doença são manchas foliares necróticas e coalescentes, e colapso das folhas, que caem no chão, mas não se destacam da coroa. Os sintomas ocorrem nas folhas mais velhas, sendo que as folhas centrais e mais jovens são menos atacadas ou podem aparecer livres de sintomas. As lesões começam como numerosas e diminutas manchas necróticas, circulares, douradas a marrom-claras, rodeadas por um bordo marrom-escuro a púrpura-avermelhado, ao aumentarem de tamanho, atingem 3-5 mm de diâmetro e coalescem, ocupando uma grande área na lâmina foliar, tornando os tecidos amarelos e depois marrons e necróticos. No centro das manchas observam-se os estromas do fungo, onde é produzida grande quantidade de conídios sob condições de alta umidade, dando-lhe uma coloração cinza e aspecto aveludado. O tecido necrótico pode destacar-se e deixar vários buracos nas folhas. Nos pecíolos ocorrem sintomas similares aos das folhas, apenas diferenciando-se pelo formato alongado ou elíptico. Na parte que fica fora da terra, freqüentemente ocorrem lesões circulares e deprimidas.

 

Controle: Existem cultivares de beterraba resistentes a Cercospora beticola, mas os outros hospedeiros do fungo são suscetíveies, o que permite manter uma alta densidade de inóculo na região, ainda com a ausência da cultura.

Realizar rotação de cultura com espécies não-hospedeiras por um período de 2-3 anos.

devem ser retirados os restos de cultura infectados do campo e destruídos ou enterrados profundamente.

Os campos novos devem ser situados pelo menos a 100 m dos campos de campanha anterior.

O controle químico deve ser usado somente em caso de epidemias muito severas, e realizar pulverizações com uma mistura de fungicidas protetores e sistêmicos devido ao fácil surgimento de estirpes do fungo resistentes ao fungicidas sistêmicos.

Utilização de sementes sadias;
Adubação equilibrada. Excesso de nitrogênio geralmente aumenta a severidade da doença, enquanto que cálcio e potássio normalmente reduzem;
Manejo adequado da irrigação.

 

 

Cercosporiose em beterraba

Ineficácia de arranjos espaciais no controle da cercoporiose (Cercospora beticola) da beterraba

 

Leandro Luiz Marcuzzo1  , Tatiana da Silva Duarte2  , Antonio João Rosa Neto1  , Maíra Elena Borges Costa3 

1Instituto Federal Catarinense - IFC/Campus Rio do Sul, CP 441, CEP 89.163-356, Rio do Sul, SC, toniajr@hotmail.com

2Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Faculdade de Agronomia, Departamento de horticultura e silvicultura, CP 15.100, CEP 91540-000,Porto Alegre, RS, tatiana.duarte@ufrgs.br

3Epagri/EMVM, CEP 89148-000,Vitor Meireles, SC, mairacosta@epagri.sc.gov.br

 

A resistência genética é o preferencial método de controle, no entanto, em experimentos realizados por Marcuzzo et al. (Horticultura brasileira, v.33, n.1, p.106-109, 2015) não constataram resistência à doença entre os principais genótipos comercializados no Brasil. O arranjo espacial (espaçamento) de plantas é indicado em várias culturas, com a finalidade de aumentar a insolação e arejamento interno as plantas com o intuito de diminuir o molhamento foliar, fundamental para o processo de infecção do patógeno. Como se desconhece este efeito na cultura da beterraba, esse trabalho teve como objetivo avaliar a interação de diferentes espaçamentos com o controle da cercosporiose em beterraba. O experimento foi instalado na Epagri, Estação Experimental de Ituporanga (Região do Alto Vale do Itajaí, SC) em 2014 (semeadura em 26/03/2014 e colheita em 11/08/2014) e em 2015 (semeadura em 01/12/2014 e colheita em 19/03/2015), utilizando-se o híbrido Boro. O delineamento utilizado foi em blocos casualizados com seis espaçamentos e quatro repetições. As densidades de plantas e espaçamentos correspondentes foram: 500.000 plantas.ha-1 (20 cm entre filas x 10 cm entre plantas); 400.000 (20 cm x 12,5 cm); 333.333 (30 cm x 10 cm); 266.666 (30 cm x 12,5 cm) 250.000 (40 cm x 10 cm) e 200.000 (40 cm x 12,5 cm). Cada parcela foi constituída por cinco linhas de plantio e área total de 3 m2 (2,0 m x 1,5 m) com intervalo de 0,5 m entre parcelas. Semanalmente foi avaliada a severidade da cercosporiose em cinco plantas marcadas aleatoriamente dentro de cada repetição com auxílio de escala diagramática (May de Mio et al., Scientia agraria, n.1, p.331-337, 2008). Os dados de severidade foram integralizados e calculados pela área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD) através da fórmula: AACPD = ∑ [(y1+y2)/2]*(t2-t1), onde y1 e y2 que refere-se a duas avaliações sucessivas da intensidade da doença realizadas nos tempos t1 e t2, respectivamente (Campbell & Madden, Introduction to plant disease epidemiology, 1990). Avaliou-se a taxa de infecção proposta por Vanderplank (Plant disease: epidemics and control, 1963). Na colheita, as plantas avaliadas foram pesadas e convertidas para produtividade em kg.ha-1. As médias obtidas da AACPD, severidade final (%), taxa de infecção (r) e da produtividade (kg.ha-1) foram submetidos à análise estatística pelo software SASM-Agri (Canteri et al., Revista brasileira de agrocomputação, v.1, n.1, p.18-24, 2001) para constatar o efeito do espaçamento e controle da doença. A AACPD e severidade final não foram significativas nos dois ciclos da cultura (Tabela 1). A maior diferença na severidade final entre os ciclos foi no espaçamento 30 cm x 12,5 cm com diferença de apenas 1,32%. Bălău (Lucrăriştiinţifice, v.54, n.2, p.199-202, 2011) também constatou pequenas diferenças (entre 2,0 e 2,4%) na severidade final em beterraba açucareira. O espaçamento influencia diretamente na taxa de infecção (Zadoks & Schein, Epidemiology and plant disease management, 1979), porém nesse trabalho não foi significativa entre os espaçamentos nos dois ciclos de avaliação (Tabela 1). Kaiser et al. (Journal of phytopathology, v.158, n.4, p.296-306, 2010) também não verificaram diferenças no progresso da cercosporiose na beterraba açucareira e isso esta diretamente relacionado a taxa de infecção, que também não diferiria se fosse avaliado em diferentes condições de cultivo conforme avaliado por Gaurilčikienė et al. (Biologija, v.4, p.54-59, 2006) em beterraba açucareira. Quanto a produtividade também não houve diferença nas duas avaliações (Tabela 1). No entanto, constatou-se que no segundo ano de avaliação a produtividade foi inferior, possivelmente decorrente do período de condução, que foi no verão, o qual propicia maior intensidade da doença e conseqüente senescência precoce das folhas com reflexo na produtividade. Quando se compara a produtividade no espaçamento 20 cm x10 cm obteve se redução por causa da doença em 49% e 76% no primeiro e segundo ano respectivamente em relação ao trabalho feito por Corrêa et al. (Horticultura brasileira, v.32, n.1, p.111-114, 2014). Mediante aos resultados obtidos para as condições de plantio, nenhum espaçamento mostrou-se eficiente no controle da cercoporiose da beterraba na região do Alto Vale do Itajaí, SC.

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